De acordo com Baum (2006), o comportamento, enquanto objeto de estudo da ciência do comportamento, pode ser previsto e controlado desde que se tenha o conhecimento dos dados necessários para tal e dos meios adequados para a realização das devidas manipulações ambientais. Assim sendo, aspectos relacionados à história de vida de um organismo seriam, nesta perspectiva, os responsáveis por determinar a emissão dos comportamentos.
O termo “determinismo”, entretanto, não é usualmente utilizado pelos analistas do comportamento para explicar a instalação de operantes, mas sim remete a um modelo explicativo, a um referencial epistemológico, no meio científico. Dessa forma, fiquemos com a compreensão de que a presença de certo estímulo em um determinado contexto pode aumentar ou diminuir a probabilidade de emissão de um dado comportamento pelo indivíduo.
O procedimento gradual de aprendizagem operante através do qual determinada resposta antes não existente no repertório comportamental de um organismo passa a ser emitida mediante o reforço diferencial de outras classes de respostas próximas àquela almejada é denominado de modelagem (Catania, 1999). Como o comportamento geralmente é sensível às contingências presentes no seu ambiente de execução, a modelagem seria um procedimento intrínseco de instalação e refinamento desse comportamento.
Assim, se considerarmos a sociedade como um conjunto de organismos pertencentes a uma determinada cultura e que interagem entre si, podemos afirmar que os comportamentos de um organismo estão sob controle de fatores ambientais diversos estabelecidos pelos indivíduos desta sociedade e que as consequências de seu comportamento também irão alterar o meio em que vive, podendo, portanto, comportamentos novos serem acrescidos ao repertório desse organismo através da modelagem mediada por outros indivíduos.
Um empregado que obedece todas as normas que regem o seu trabalho, preocupando-se com a realização cada vez mais eficiente de seus afazeres de forma a alterar alguns comportamentos para atingir esse objetivo e uma criança, ainda na fase de alfabetização, que é reforçada diferencialmente pelo educador quando emite comportamentos de preensão do lápis, escrita no papel, escrita na linha, desenho de uma letra e desenho sequencial de letras formando uma palavra são exemplos de como relações de controle entre os indivíduos de uma sociedade são estabelecidas, possibilitando, assim, a instalação, manutenção e extinção de comportamentos.
Flávia Almeida
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Referências
Baum, W. M. (2006). Compreender o behaviorismo: comportamento, cultura e evolução (Silva, M. T. A., Matos, M. A., & Tomanari, G. Y., Tradução.). 2ª ed. Porto Alegre: Artmed.
Catania, C. A. (1999). Aprendizagem: comportamento, linguagem e cognição. 4ª Ed. Porto Alegre: Artmed.
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