Esta dúvida é comum e, felizmente, de simples explicação. Na punição negativa, a eliminação de um estímulo reforçador ocorre contingente à emissão da resposta. Na extinção operante, não há reforçamento programado para uma classe de respostas, modo que quando emitidas, essas respostas não produzem nenhum estímulo consequente. Não há relação de contingência neste caso e Catania (1999) corrobora esta afirmação.
Conceba este exemplo banal: alguém assiste TV. Outro morador da casa exige utilizar a mesma TV. Após uma rápida briga, o primeiro ofende o segundo, que apanha o controle remoto e saí correndo. Desprovido do equipamento, o indivíduo poderá continuar assistindo TV, mas estará desprovido de um reforçador: comodidade para passar os canais, que foi eliminada contingente à sua resposta de ofender o outro. Nessa mesma situação, as pilhas do controle poderiam parar de funcionar, de modo que o equipamento ficaria temporariamente inutilizado e a comodidade, suspensa. Mas tal suspensão foi contingente a alguma resposta do espectador? Não, a carga das pilhas acabou, o reforço relacionado à utilização do controle não estava mais programado para essa resposta, que tenderá a cair de frequência (após o padrão da extinção operante: insistência em utilizar o controle, batidas e pancadas no controle, acompanhadas de resmungos, tentativas de utilizar o controle apertando as pilhas ou mirando para a TV, por exemplo). Veja que nos dois casos há alta probabilidade de que a frequência da resposta, sob punição ou extinção, diminua com o decorrer do processo.
Observe, ainda, que na extinção não há relação entre a resposta e a remoção do reforçamento, sendo que tal remoção (ou introdução posterior do reforçamento) não é controlada pela classe de respostas individuais submetidas à extinção (Whaley & Malott, 1980). Ou seja, o reforço não foi eliminado em função da classe de respostas, mas esta mesma classe não permitirá que ele seja reapresentado. Simplesmente, não há reforçamento programado para essa classe de respostas. Neste caso, disponibilidade de reforço e frequência de resposta não se relacionam na extinção operante.
Na punição negativa, por outro lado, a eliminação do reforço é condicional à emissão de alguma resposta, e tal eliminação pode ser interrompida se a frequência dessa resposta decair. Nesse caso, há relação entre frequência de resposta e disponibilidade de reforço (Whaley & Malott, 1980): quanto menor a frequência da resposta punida, maior a probabilidade de haver reforço disponível.
Obrigado pela pergunta. Sempre que precisar, estaremos por aqui.
Ícaro Gonzaga
___________
Referências
Catania, A.C. (1999). Aprendizagem: comportamento, linguagem e cognição. 4 ed. Porto Alegre. Artes
Médicas.
Whaley, D.L.; Malott, R.W. (1980). Princípios elementares do comportamento. 2 ed. São Paulo: EPU.